Implantada no exterior do perímetro amuralhado, a Igreja da Misericórdia foi construída no mesmo local onde D. Sancho II (1223 - 1247) mandou edificar a Catedral da Guarda. No entanto foi mandada arrasar, no reinado de D. Fernando (1367 - 1383), por ficar fora das muralhas e servir as tropas castelhanas, como ponto estratégico. Neste local e já dedicado à Igreja da Misericórdia, existiu um outro templo edificado, no século XVII.
A construção do templo atual, remonta ao reinado de D. João V (1707 - 1750). Com planta longitudinal e nave única, destaca-se pela sua imponente fachada principal, formada por um corpo central, ladeado por duas torres sineiras. Adornam a fachada o portal principal, onde se destaca a pedra de armas de D. João V, encimada por frontão curvo, janelões, óculos, um nicho concheado, e onde se ostenta a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia, em jaspe.
No interior, sobressai o coro alto, assente sobre arco em asa de cesto, os púlpitos, as tribunas laterais, os vãos com molduras em cantaria trabalhada, e a cobertura de madeira em berço. Todavia, são os retábulos de talha dourada, e policromada dos altares laterais, colaterais e mor que mais se destacam neste espaço. Os quatro retábulos da nave, apresentam um altar em forma de urna, com decoração bastante erudita. Já no altar-mor, as estruturas retabulares, também em forma de urna, são mais simples. Estas integram no lado Norte, o túmulo do fundador da igreja, e no lado Sul o esquife de Cristo.
Em termos estilísticos, a conceção deste templo é genuinamente barroca, com alguns elementos rococós e algumas influências neoclássicas.
No edifício contíguo, funcionava o Hospital da Misericórdia. De planta em U, destaca-se pelas galerias alpendradas de recorte seiscentista.
Adaptação de texto original de Alcina Cameijo